Elas são mais de 105 milhões, representam mais da metade da população brasileira e também são maioria quando pensamos em pessoas com curso superior no País.

Mas, ao falar em mulheres que andam moto este número se inverte e, como se não bastasse, muitas vezes, vai para a carona. Em inúmeras áreas elas caminham a passos largos em ascensão, mas ao comando do guidão das motos ainda estamos muito longe disso. Motonline quer usar o bom exemplo de uma para incentivar todas as outras.

Segundo a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas), as mulheres representam apenas 16% dos compradores de motos novas no Brasil, número que chegou a 26% em 2012 e nunca tinha gravitado abaixo dos 20% nos últimos dez anos. Elas também são minoria das pessoas com habilitação para categoria A, pois dos 28,9 milhões, apenas 22% são mulheres. Neste momento de retomada do mercado, precisamos de embaixadoras do motociclismo. Mulheres que vistam a camisa (capacete, jaqueta e luvas, também), superem os medos, enfrentem o preconceito e se permitam novas experiências, sentindo a liberdade no rosto. Gente que siga o exemplo da Ana Luísa Silveira.

A história desta gaúcha de 28 anos, moradora de Novo Hamburgo (região metropolitana de Porto Alegre) com as motos iniciou ainda na infância, quando o pai Antoninho comercializava ciclomotores e ela, ainda pequena, andava pelos corredores, esgueirando-se entre os veículos. Passou a pilotar quando completou 18 anos, tirou a habilitação e comprou sua primeira motocicleta: uma Yamaha RD 135 – que atualmente divide espaço na garagem com outro modelo da marca, uma FZ6 N. Hoje, usa a moto para o trabalho, o lazer e é uma ativista do empoderamento feminino sobre duas rodas. “A mulher ainda tem um papel de coadjuvante. Mas ela pode ser protagonista, ir além de carona“, destaca.

“Nós também estamos aqui para pilotar” – por mais protagonismo feminino no motociclismo

“Muitas vezes, quando alguém compra uma moto, o banco do carona está reservado a nós, mulheres. É como se estivéssemos predestinadas a sermos coadjuvantes no mundo do motociclismo, quando na verdade as coisas não precisam ser assim. É claro que se a mulher gostar, se sentir bem, pode andar na carona sem problema algum, mas é preciso tomar a consciência de que nós também estamos aqui para pilotar”, enfatiza Ana, formada em Educação Física.

Mulheres, motos e preconceito

Atualmente, o ambiente do motociclismo ainda é predominantemente masculino, algo que fica nítido ao visitar oficinas mecânicas ou competições, por exemplo. Talvez por isso, o malquisto preconceito continua lá. Ana Luísa já trabalhou por cerca de cinco anos numa concessionária de motos, junto da oficina mecânica e do setor de peças, onde precisava conviver diariamente com comentários indigestos. “Eu observava bem dois movimentos: as pessoas que achavam legal e incentivavam, e outras que olhavam estranho, faziam piadinhas. Gente que duvidava da capacidade de trabalhar no meio ou pilotar uma moto. Tem, ainda, aqueles que ao pensar relação de mulheres e motos logo imaginam algo de conotação sexual – o que eu desprezo -, como se a mulher estivesse ali para embelezar algo, sei lá.  Infelizmente, ainda pode ser um ambiente hostil e desconfortável para mulheres”.

Fonte: www.motonline.com.br